sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Pra começar

Hoje faz 7 anos que fiquei sem Tia Célia, a irmã mais velha da minha mãe e minha co-mãe. Ela teve 11 filhos saídos de dentro dela. Mas ainda sobrou maternidade pra muitos outros que não saíram de seu ventre, mas entraram e ficaram no seu coração. Acho que sou o mais feliz deles.

Morei com ela por toda minha infância. Quando minha mãe se casou de novo, nos mudamos todos pra outra casa. E mesmo não tão perto, ela continuou sendo como mãe pra mim. Foi dela que herdei o temor a Deus. Embora lhe faltasse entendimento em muitas coisas espirituais, ela sempre me foi um referencial. Nunca tive dúvida de que me amava. Eu via isso nas suas palavras, no seu olhar, no sorriso que me recepcionava e no desejo insistente de que eu aceitasse Jesus.

Um dia percebi que ela estava morrendo. Pensei que pudesse evitar. Chorei diariamente. Pedi que Deus não a levasse tão cedo assim. Tentei imaginar a vida sem ela, os dias sem ela, a casa sem ela. Eu achava que não suportaria. E ela continuou morrendo. No seu aniversário de 62 anos já estava inconsciente no leito de um hospital. Um mês depois morreu definitivamente.

No dia do seu sepultamento, lembrei que 20 anos antes eu chorava, junto com ela, naquele mesmo caminho, enquanto sepultávamos sua mãe, minha querida vó. Lembro-me da calça que ela usava e do lenço que segurava para secar as lágrimas. Se eu imaginasse que 20 anos depois estaria sepultando Tia Célia, nunca teria parado de chorar.

Quero, então, inaugurar esse blog com uma homenagem a uma das mulheres que mais amei nessa vida. Esses 7 anos sem ela não são suficientes para bani-la de mim. E tempo nenhum será. O Jesus que conheço hoje é o Jesus que ela conheceu e um dia me apresentou. E muito do que sou é continuação do que ela foi. O amor jamais acaba...

16 comentários:

Rômulo Boechat disse...

Gil,
Que honra ser o primeiro a deixar um comentário aqui...
Seja bem-vindo!
Estarei sempre nessa "casa no campo"!
Abração!
PAZ!

Carolina Souza disse...

Gil,

linda linda a sua primeira postagem.... é ótimo vc ter um blog, porque gosto das suas palavras e acredito que não sou a única!
Um abraço!

André Gama disse...

Comovente...
Que dia...

Max Maximus disse...

Gil,
fico feliz ... pois além de poder ouvir suas sábias palavras (no qual o mundo não é digno), agora também poderei ler.
sou grato a Deus pela sua vida...
abraços

Anônimo disse...

Gelson,
Pra começar, gostaria de lembrar do dia do seu casa//. Que teve em sua lua de mel a presença de 5 irmãos, que nunca os deixou só. Consegueiu com mto afinco criar todos eles.
Acredito que tdo isso é um dom de Deus. Sendo mãe de meu sobrinho e minha mãe-irmã, e mãe de tantos outros. Hj, não sei como consegui suportar sua ausência, pois a saudade ainda arde em meu coração. Gostaria mto de tê-la por perto, e a única coisa que será possível realmente é encontrá-la naquele grande dia.
Foi uma pessoa mto importante pra mim, que amei de verdade!
Obrigado meu sobrinho pela homenagem!!!
Bjs do tio Gelson.

Anônimo disse...

GIL, não pense que é um sofrimento só seu, mais de muitos, hoje sabemos o quanto foi importante na vida de cada um de nós, mas eu tenho certeza que quando nos deixou, foi com um sentimento de missão,comprida,como mãe ,irmã, esposa tia,e principalmente como sogra,pois lutei em quanto pude, para lhe dar um final mais digno, ameia-a ate o ultimo instante .ANA

Anônimo disse...

"Nossos bens e nossas vidas
se misturaram;

e, dentro de nossas mortes
o sangue e as raças,

como água doce dos rios
e a água salgada...

Ai, meus avós, que este mundo
é coisa rara:

tudo começa de novo,
quando se acaba!"

Cecília Meireles

Cido disse...

Puxa! Esse blog promete hein!
Já coloquei link para a casa no campo no meu blog.

Abração!

Robson Wellington disse...

gil
dando eco aos seus escritos?!
viva!!!
um abraço,
de seu agora leitor cativo robson

Gil disse...

Ainda não sei me comportar direito nessa parada de Blog, então não vou ficar comentando cada comentário. Mas quero agradecer o encorajamento de vcs, meus amigos e família. Vcs são uma boa razão pra continuar escrevendo. Abraço!

Anônimo disse...

Bom começo, meu caro.
É interessante como algumas pessoas queridas nos deixam marcas tão indeléveis.
Se eu escrever uma biografia algum dia, os capítulos levarão nomes de pessoas: I. Ebenezer e Jocelaine, II., etc..
Passei aqui para ver como é a tal casa de campo.

Anônimo disse...

Gil,

Amei a tua "casa no campo" parece bem aconchegante...Sobre sua sds de sua tia querida...saiba q é muito bom saber q ainda hj em um mundo tão frio e muitas vzs tão solitário...Podemos fazer sobressair nossos mais sinceros,profundos e intensos sentimentos, sem receios...Este é o meu querido Gil, q conheci e jamais vou esquecer, mesmo distante...Beijocas,Syl! Continue expressando "você!!!".

arte marciel disse...

Gilberlei, Gilberlei, foi o rei quem chamou... Um abração pelos velhos tempos do Ingá.

Anônimo disse...

Olá Gil!!
Vc é um amigo-irmão para mim, que saudade do tempo em que ficávamos no básico sem saber o que fazer pelo movimento na Unicamp. Um beijão, Regina

Filhinha do Pai disse...

Ainda lembro deste dia...
Tanta dor ao meu redor e meu coração apertava a cada minuto,doeu também.

Chorar com os que choram...
...embora naum soubesse muito o que fazer.

Unknown disse...

Tia Célia teria orgulho do homem que vc se tornou.