terça-feira, 28 de setembro de 2010

Carta aberta ao Pastor Silas Malafaia

Meus amigos, eu prometi que este seria um lugar tranqüilo e não de debates calorosos ou longas apologias. É o que de fato quero que seja. Porém, meu coração está ardendo de indignação e preciso expressá-lo.

Por isso, resolvo publicar aqui uma carta aberta ao Pastor Silas Malafaia me esforçando para ser o mais respeitoso possível, embora minha indignação exigisse um pouco mais de ferocidade. Mas me contive.

Não tenho a intenção de ofender a ninguém. Tenho muitos amigos que são grandes admiradores do Pastor Silas. Mas já faz tempo que acredito que suas palavras e práticas têm se distanciado do evangelho de Jesus Cristo.

Tampouco estou fazendo campanha eleitoral para quem quer que seja. Tenho minhas opiniões sobre alguns dos candidatos e isso fica claro em meu texto, mas ainda não tenho voto definido.

Com muito amor e temor,

Gil

CARTA ABERTA AO PASTOR SILAS MALAFAIA

Pastor Silas Malafaia,


Como o senhor mesmo disse em cartas e dvds enviados para milhares de fiéis ao redor do Brasil pedindo voto para os seus candidatos, “cada um vota em quem quiser”. Portanto, não me diz respeito se o senhor declara seu voto a quem quer que seja. É seu direito. No entanto, sendo o senhor quem é, sua opinião não necessariamente conscientiza, mas certamente influencia milhares de pessoas que acreditam que o senhor é porta-voz de Deus. E claro que estas pessoas não pensam assim à toa. O senhor constantemente reivindica tal autoridade, se afirmando como uma voz profética que Deus levantou nesta nação.

Como profeta de Deus, o senhor declarou abertamente seu voto à Marina Silva: “Amigos, vcs já sabem em quem votar? Eu votarei em Marina, para presidente. Ela é uma mulher de Deus e merece nosso voto”. Recentemente, porém, declarou mudança de voto, assumindo apoio ao candidato José Serra. Não estou surpreso com a mudança de opinião do senhor, Pastor Silas, afinal, vi o senhor mudar de opinião muitas vezes ao longo desses anos. Em seus programas, vi o senhor criticar ferozmente pessoas e idéias, a quem mais tarde o senhor se aliou.

Estou surpreso, porém, com as justificativas para tal mudança. Desde o começo de sua campanha, a candidata Marina Silva vem expressando sua opinião a respeito da descriminalização do aborto e da maconha, bem como a respeito da união civil entre homossexuais. Exatamente por sua fé evangélica, os entrevistadores nunca perdem a oportunidade de questioná-la com respeito a estes assuntos. Então, a defesa de um plebiscito sobre aborto e maconha tem sido anunciada faz tempo pela candidata Marina Silva, no curso de uma campanha ética e respeitosa, sem negar suas raízes petistas e tampouco suas convicções pessoais.

É muito estranho que só agora, há menos de uma semana das eleições, o senhor, um homem tão antenado, tenha tomado conhecimento disso. No dia 20 de setembro via Twitter o senhor diz que Marina é uma “mulher de Deus”. No dia 28, o senhor a chama de “cristã dissimulada”. Que fato novo surgiu em uma semana para que sua opinião mudasse radicalmente?

Em carta recente enviada a integrantes do PT, o senhor afirma: “eu só não entrei de cabeça na campanha do Serra, porque também não vi nele garantias de respeito a esses princípios”. Essas garantias existem agora? O senhor realmente conhece as opiniões dele a respeito desses assuntos? É do conhecimento do senhor que quando José Serra era ministro da saúde seu ministério foi pioneiro nas campanhas “contra a homofobia”? Basta acessar o link no Youtube e conferir: http://www.youtube.com/watch?v=nFilGre8XQo.

Pastor Malafaia, o senhor tem emprestado seu apoio a gente que levanta a voz contra o aborto e o casamento gay (essas coisas se tornaram sua bandeira), mas que está extremamente comprometida com o atual governo do PT ou tem em seu currículo processos por desvios de dinheiro, mau uso da coisa pública, entre tantos outros crimes. O senhor se aliou a pessoas como Anthony Garotinho e a gente que não tem compromisso com a justiça social. Com que autoridade o senhor se refere à Marina Silva como “crente dissimulada”?

Que Deus tenha misericórdia de nós!

Na comunhão,

Gilberlei Oliveira